domingo, 26 de agosto de 2012

"Errar é o Mano?"

Após quase um ano sem postagens o blog Por Dentro das Copas está de volta a ativa. E voltamos com um assunto que tem gerado certa polêmica ultimamente, as convocações do técnico Mano Menezes para a seleção brasileira de futebol.
 
Na última quinta-feira o treinador fez a convocação para os dois próximos amistosos da seleção, dia 07/09 contra a Africa do Sul em São Paulo, e dia 10/09 contra a China em Recife.
 
As surpresas ficaram por conta da convocação do volante Arouca, do Santos, e do goleiro Cássio, do Corinthians. Outro que voltou a ser convocado foi o zagueiro Rever, do Atlético Mineiro. Duas coisas me chamaram bastante atenção nessa convocação: o volante Arouca, curiosamente não vive sua melhor fase. Ha alguns meses atrás vivia grande fase mas o treinador nunca lembrava do seu nome. Mas certamente o que mais chamou a atenção de todos foi a convocação do goleiro Cassio. O goleiro do Fluminense, Diego Cavalieri, vinha sendo apontado por todos merecedor de uma chance, e até goleiros como Victor(Atlético-MG), Jefferson(Botafogo) e Rafael(Santos) tem tido atuações melhores que Cassio, sendo que o Rafael até foi convocado para a Olimpíada de Londres, tendo sido cortado por contusão de ultima hora.
 
Essa falta de critério do Mano Menezes tem irritado jornalistas e torcedores, que estão cada vez mais desacreditados num sucesso da seleção brasileira na Copa de 2014, e muitos ja pedem a troca de treinador. Inclusive essa convocação do Cassio levanta certas suspeitas, uma vez que o goleiro é agenciado pelo empresário do próprio Mano Menezes, o Carlos Leite, segundo essa nota do site lancenet publicada em junho deste ano.
 
Sem querer desmerecer o goleiro Cassio, que por conta de um corte do Helton por lesão até ja tinha tido uma convocação em 2007 pelo então treinador Dunga, mas que ha quatro meses atrás era terceiro reserva do Corinthians e que virou titular por conta de duas falhas do goleiro Julio Cesar numa quartas de final do campeonato paulista contra a Ponte Preta, que ocasionou a eliminação dos corinthianos, acho que essa convocação foi pra lá de duvidosa, entrou pela janela legal. Mas como a seleção brasileira não é do povo e sim da CBF temos que engolir essas e outras que virão por aí.

Segue a lista dos convocados para as duas partidas:

Goleiros:
  • Cássio (Corinthians)
  • Diego Alves (Valencia)
  • Jefferson (Botafogo)
Laterais:
  • Adriano (Barcelona)
  • Alex Sandro (Porto)
  • Daniel Alves (Barcelona)
  • Marcelo (Real Madrid)
Zagueiros:
  • David Luiz (Chelsea)
  • Dedé (Vasco)
  • Réver (Atlético-MG)
  • Thiago Silva (PSG)
Meio-campistas:
  • Arouca (Santos)
  • Lucas (São Paulo)
  • Oscar (Chelsea)
  • Paulinho (Corinthians)
  • Ramires (Chelsea)
  • Rômulo (Spartak Moscou)
  • Sandro (Tottenham)
Atacantes:
  • Hulk (Porto)
  • Jonas (Valencia)
  • Leandro Damião (Internacional)
  • Neymar (Santos)
Crédito da foto: twitter.com/manomenezes

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Brasil 2 x 0 Argentina - ATUAÇÕES



JEFFERSON - Mero espectador em boa parte do primeiro tempo, fez boas defesas nos lances de perigo argentino durante a etapa final. Nota 7.

DANILO - Demonstrou insegurança em alguns lances, principalmente no início da partida, mas compensou com participação no lance do gol de Lucas. Nota 6,5.

DEDÉ - Seguro na antecipação aos atacantes adversários, soube proteger bem a defesa nas tentativas de Montillo. Ainda peca na hora de tentar lançamentos para o ataque. Nota 6,5.

RÉVER - No mesmo nível de seu companheiro. Nota 6,5.

CORTÊS - Excelente estreia como titular. Bem defensivamente, incansável no ataque e participação nos dois gols brasileiros. Saiu (com justiça) ovacionado pela torcida em Belém. Nota 9. Em seu lugar entrou KLÉBER, que não teve tempo para mostrar futebol. Sem nota.

RALF - Ajudou a proteger a defesa, só que apelou em muitos momentos para chutões. Nota 6.

RÔMULO - Não comprometeu no seu primeiro jogo como titular na Seleção. Firme no combate, não subiu muito para o ataque. Nota 6.

RONALDINHO GAÚCHO - Bem marcado desde o início, conseguiu se desvencilhar dos argentinos com belos dribles, em especial no segundo tempo. Nota 7,5.

LUCAS - Desde o início disposto a mostrar serviço, em nenhum momento se omitiu ofensivamente. Após criar a melhor chance de gol na etapa inicial (desperdiçada por Neymar), foi recompensado com um gol ao seu estilo - arrancada do meio-de-campo até tocar a bola na saída do goleiro. Nota 8,5. Cansado, foi substituído por DIEGO SOUZA, que logo em seu primeiro lance no jogo deu passe para o gol de Neymar. Nota 7.

NEYMAR - Caçado em campo, mostrou categoria nos seus dribles e mais objetividade do que em muitos jogos pela Seleção Brasileira. Foi oportunista em seu gol. Nota 8.

BORGES - Encarregado de fazer a função de pivô, não teve muitas oportunidades claras para marcar. Lutou bastante e saiu com cãimbras. Nota 6. Deu lugar a FRED, que foi pouco acionado e mal tocou na bola. Sem nota.

ARGENTINA

A seleção formada por jogadores "locais" reflete o mau momento dos clubes do país. Curiosamente, o jogador que levou maior perigo aos brasileiros foi Montillo (que, devido a uma ambiguidade no regulamento, pôde jogar a competição apesar de atuar no Brasil). No fim do segundo tempo, os argentinos levaram algum perigo com Viatri e Mouche.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O dia em que o Mangueirão foi palco de jogo das Eliminatórias da Copa do Mundo



Depois de falar simbólico torneio da Copa da Amizade de 1990, o Por Dentro das Copas apresenta o dia em que o Mangueirão foi palco de jogo das Eliminatórias da Copa do Mundo. Em 12 de outubro de 2005, o Brasil encerrou sua participação no torneio aos olhos do público paraense.



Diante de 47 mil pessoas, o Brasil do "quadrado mágico" formado por Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo e Adriano venceu em ritmo de treino a Venezuela. Em meio a um primeiro tempo definido pelo treinador Carlos Alberto Parreira como "sem vibração", Adriano abriu o placar aos 28, após receber lançamento de Kaká e chutar na saída de Dudamel. Na etapa final, foi a vez do Imperador ser garçom de Ronaldo, que driblou um zagueiro e o goleiro da Venezuela antes de fazer o segundo gol aos seis. Aos 16, Roberto Carlos, de falta, fez a torcida vibrar pela terceira e última vez.



Com a vitória por 3 a 0 e a derrota por 1 a 0 da Argentina para o Uruguai, a Seleção Brasileira empatou em número de pontos com os argentinos e terminou a competição com um simbólico primeiro lugar. O Mangueirão (apelido em referência às muitas mangueiras que têm a cidade de Belém) terminou naquela noite o jejum de gols do atacante Ronaldo. Há um ano, o camisa 9 não balançava as redes com a camisa do Brasil - contra a própria Venezuela, na vitória por 5 a 2 pelas Eliminatórias.

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BRASIL 3 x 0 VENEZUELA

Local: Mangueirão, em Belém do Pará

Árbitro: Hector Baldassi (Argentina)

Gols: Adriano, aos 28 minutos do primeiro tempo. Ronaldo aos seis e Roberto Carlos, aos 16 minutos do segundo tempo.

Cartões amarelos: Ronaldinho Gaúcho e Vielma.

BRASIL - Dida, Cafu, Juan, Lúcio e Roberto Carlos; Emerson, Zé Roberto (Juninho Pernambucano), Kaká e Ronaldinho Gaúcho (Alex); Adriano (Robinho) e Ronaldo.
Técnico: Carlos Alberto Parreira.

VENEZUELA - Dudamel; Vallenilla, Rey, Cichero e Hernandez; Vielma, Jiménez, Páez (Gonzalez) e Arango; Maldonado (Torrealba) e Urdaneta (Rojas).
Técnico: Richard Páez.

sábado, 24 de setembro de 2011

A primeira vez da Seleção Brasileira no Estádio Mangueirão




Palco do jogo de volta do Superclássico das Américas entre Brasil e Argentina, o MANGUEIRÃO (nome popular do Estádio Estadual Jornalista Edgar Augusto Proença, batizado em homenagem a um radialista de destaque no Pará) receberá a Seleção Brasileira pela terceira vez para um jogo oficial.

A primeira história oficial do Brasil no Mangueirão não é muito conhecido dos torcedores brasileiros. Afinal, a Taça da Amizade é um torneio que não faz parte atualmente do calendário das seleções. O fato de cada jogo ter um árbitro local também reforça o caráter de amistoso do jogo de Belém.

Mas, principalmente, porque esta Seleção Brasileira que esteve em campo no dia 8 de novembro de 1990 contra o Chile é completamente diferente da que chegou à Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos. Cinco meses depois da eliminação para a Argentina no Mundial daquele ano, Paulo Roberto Falcão herdara o cargo de Sebastião Lazaroni e fazia da camisa amarelinha um "laboratório" para os jogadores que estavam em destaque no cenário do futebol brasileiro.

Quatro anos depois, somente Leonardo e Cafu iriam para os Estados Unidos. Nem mesmo Paulo Roberto Falcão continuaria a representar o Brasil - no ano seguinte, após um segundo lugar na Copa América, foi substituído por Parreira. Talvez o empate em 0 a 0 no Mangueirão fosse um prenúncio das mudanças que estavam por vir.

Prezado leitor, veja a escalação brasileira e puxe pela memória os nomes que estiveram no Pará:

Sérgio, Gil Baiano (Luís Henrique), Paulão (Cléber), Adilson e Lira; César Sampaio (Leonardo), Donizete Oliveira, Neto (Valdeir) e Cafu; Charles Baiano e Careca.



Neto em treinamento na Granja Comary. O então jogador do Corinthians foi o capitão da Seleção Brasileira nesta partida.

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Fontes de pesquisa:

CBF - Site oficial

RSSSF Brasil

Wikipedia - verbete Estádio Mangueirão

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Em 1997, o Brasil entraria em campo pela segunda vez no Pará, num amistoso contra o Marrocos - vitória por 2 a 0, com dois gols de Denílson. Mas o momento mais importante da presença do futebol do Brasil em Belém foi em 2005, que será o assunto do próximo post.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Mano apresenta as faces dos próximos jogos do Brasil




Uma convocação para resultado imediato, outra inserida no planejamento da Copa do Mundo de 2014. E nas duas faces da Seleção Brasileira, o técnico Mano Menezes apresentou novidades pedidas pela imprensa esportiva. Entre cortes por lesões, limitações criadas pelo calendário brasileiro e "retornos", o técnico anunciou nesta manhã, em coletiva num hotel em São Conrado, os jogadores que estarão no segundo jogo contra a Argentina, pelo Superclássico das Américas (em Belém na próxima quarta), e nos amistosos com México, dia 7, e Costa Rica, dia 10.

Para o jogo de volta do Superclássico das Américas (na qual a grande surpresa entre os jornalistas foi o zagueiro Emerson, do Coritiba), o meia botafoguense Elkesson e o centroavante Borges, artilheiro atual do Brasileiro pelo Santos, chegam com boa expectativa. "Elkesson atua da forma como queremos armar o time, e Borges faz gol em todos os clubes que passa. Já merecia a convocação há tempo". Na lista de volta à Seleção Brasileira está o meia Diego Souza, atualmente jogando no Vasco.

Mano frisou que no jogo com os argentinos o desejo é, acima de tudo, ganhar. Perguntado sobre a possibilidade da decisão por pênaltis - caso haja um novo empate no Mangueirão - o treinador disse que não bastam treinos para acertar as cobranças: "Rooney mesmo perdeu um pênalti outro dia que se fosse um brasileiro vocês iam criticar". Na Copa América de 2011, o Brasil foi eliminado pelo Paraguai nas penalidades, depois de desperdiçar quatro cobranças.

Para os amistosos contra a Costa Rica, dia 7 em San José, e contra o México no dia 11 em Torreón, Hernanes voltou à lista de convocação. O meia da Lazio não vestia a camisa brasileira desde a derrota por 1 a 0 para a França, em fevereiro. Irritado, Mano disse ter a impressão de que "parecia falar com as paredes" e mais uma vez afirmou que a ausência do jogador não foi uma 'punição' por Hernanes ter sido expulso na partida do Stade de France.

A grande surpresa para a lista dos amistosos foi o nome de Kléber. De acordo com o treinador, a convocação do jovem atacante do Porto aconteceu por dois motivos: o fato dele ter idade olímpica e a falta de centroavantes fixos de qualidade, em virtude das lesões de Alexandre Pato e, recentemente, de Leandro Damião.

Por causa da nova convocação do criticado Fernandinho, meia do Shakhtar Donetsk, o Por Dentro das Copas perguntou a Mano se ele acredita que o futebol ucraniano é realmente um bom parâmetro para Seleção Brasileira. O técnico apontou que na Ucrânia há vários jogadores brasileiros de qualidade, dentre eles Jadson, e que não tem culpa que "as pessoas desconheçam o futebol de lá".

Sobre a parte tática, Mano Menezes respondeu que o Brasil continuará com o esquema de três atacantes, e justificou que Lucas não vem sendo escalado como titular porque, no esquema pensado pelo treinador, o meia do São Paulo disputa vaga com Neymar. Ambos os jogadores estão presentes nas duas listas.

Para não prejudicar as equipes que disputam o Campeonato Brasileiro, o técnico se limitou a convocar um jogador por clube. No entanto, chamou atenção o fato de nenhum jogador do Corinthians ter sido lembrado. Enquanto isto, os outros concorrentes ao título e à briga por uma vaga na Libertadores (São Paulo, Vasco, Botafogo, Fluminense e Flamengo) terão representantes na Seleção Brasileira. Secamente, Mano respondeu sobre a ausência corintiana com um: "Não está no meu contrato que eu tenha de convocar sempre jogadores do Corinthians".

A apresentação dos convocados para a partida contra a Argentina será no dia 26 de setembro, com retorno previsto para o dia 29. Os jogadores chamados para os amistosos se apresentarão no dia 2 de outubro, com liberação prevista para até o dia 12.

LISTA PARA BRASIL x ARGENTINA

GOLEIROS

Jefferson (Botafogo)
Rafael (Santos)

LATERAIS

Danilo (Santos)
Mário Fernandes (Grêmio)
Bruno Cortês (Botafogo)
Kleber (Internacional)

ZAGUEIROS

Dedé (Vasco)
Réver (Atlético-MG)
Rhodolfo (São Paulo)
Emerson (Coritiba)

VOLANTES

Ralf (Corinthians)
Paulinho (Corinthians)
Casemiro (São Paulo)
Rômulo (Vasco)

MEIAS

Lucas (São Paulo)
Oscar (Internacional)
Diego Souza (Vasco)
Elkeson (Botafogo)

ATACANTES

Ronaldinho Gaúcho (Flamengo)
Neymar (Santos)
Fred (Fluminense)
Borges (Santos)

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AMISTOSOS CONTRA MÉXICO E COSTA RICA

GOLEIROS

Julio César (Inter de Milão)
Jefferson (Botafogo)
Neto (Fiorentina)

LATERAIS

Daniel Alves (Barcelona)
Fábio (Manchester United)
Marcelo (Real Madrid)
Adriano (Barcelona)

ZAGUEIROS

Réver (Atlético-MG)
Thiago Silva (Milan)
David Luiz (Chelsea)
Dedé (Vasco)

VOLANTES

Lucas Leiva (Liverpool)
Fernandinho (Shakhtar Donetsk)
Sandro (Tottenham)
Luiz Gustavo (Bayern de Munique)

MEIAS

Lucas (São Paulo)
Elias (Sporting)
Oscar (Internacional)
Hernanes (Lazio)

ATACANTES

Ronaldinho Gaúcho (Flamengo)
Hulk (Porto)
Jonas (Valencia)
Neymar (Santos)
Kleber (Porto)
Fred (Fluminense)

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Por dentro da Copa Roca - A SUPREMACIA BRASILEIRA



Na última postagem da retrospectiva da Copa Roca, o Por Dentro das Copas enumera a supremacia brasileira na competição. São 31 anos de confrontos que ajudaram o Brasil a fazer sua história no futebol sul-americano.

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1945 - Brasil vai de São Paulo até o Rio e reencontra as vitórias contra a Argentina



Na década em que o futebol foi derrotado pela II Guerra Mundial, a Copa Roca retornava depois de cinco anos. A Argentina trazia a geração na qual se destacava Pedernera e brilhavam nomes como Rafanelli, Masantonio e Gandulla (jogador cordial que chamava mais atenção por se prontificar a pegar a bola quando ela saía de jogo, e que é hoje reverenciado como nome dos coadjuvantes das partidas). O Brasil mantinha nomes como Leônidas e Heleno de Freitas, mas mesclados à nova excelência de Zizinho e Ademir de Menezes.

Só que a desigualdade vinha também por um estigma: há cinco anos os brasileiros não conseguiam vitórias sobre os hermanos. Isto explica a ansiedade do primeiro jogo, realizado no Pacaembu. Mesmo conseguindo uma virada depois de, por duas vezes, estar atrás do placar, o excesso de oportunidades perdidas foi fatal. No fim, 4 a 3 para a Argentina e, segundo jogadores e o treinador Flávio Costa, com direitos a hostilidades constantes da torcida paulista. Zizinho foi o mais perseguido, porque três anos antes foi o responsável por ter quebrado a perna do jogador Augustinho.

Alguns quilômetros depois, o Brasil encontrou abrigo no Rio de Janeiro. Segundo dados históricos, 50 mil pessoas foram a São Januário e assistiram à redenção brasileira. Com Zizinho, Chico, Heleno de Freitas, Leônidas (em seu último gol com a camisa brasileira) e dois gols de Ademir, a Seleção Brasileira venceu o segundo jogo por 6 a 2. A dois dias do Natal, o Brasil recebeu de presente a conquista da Copa Roca. Após 60 minutos de tentativas frustradas diante do goleiro Ogano, o time de Flávio Costa venceu por 3 a 1, com gols de Chico, Lima e um gol contra de Fonda (Martino fez o gol dos argentinos). O Brasil reencontrava as vitórias contra a Argentina, e começava a rascunhar a base que, infelizmente, perderia a Copa de 1950.

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1957 - Con mucho gusto, yo soy Pelé



Passados 12 anos, a Copa Roca teve uma nova edição desacreditada graças à Europa. No continente europeu estavam os principais jogadores argentinos (dentre eles, Di Stéfano, que se consagrou no Real Madrid). Os brasileiros partiam para lá, representando seus clubes em excursões - prática corriqueira nesta década, e que ajudou ainda mais a consagrar o futebol nacional.

A História provou que esta Copa Roca merecia ser vista. Os 60 mil presentes no Maracanã em 7 de julho de 1957 se tornariam os primeiros espectadores a ver PELÉ com a camisa da Seleção Brasileira. O clamor por sua entrada provavelmente era por achar que o futebol apresentado com a camisa do Santos poderia render, num Brasil que perdia por 1 a 0 após o fim do primeiro tempo. Só que o apelo de cada torcedor presente no estádio carioca ajudaria a começar a contar seu número de gols: após lançamento de Moacir, o garoto de 16 anos tocou na saída do goleiro Carrizo para marcar seu primeiro gol brasileiro. O gol do camisa 13 foi insuficiente pra evitar a derrota - a Argentina depois marcou pela segunda vez e venceu por 2 a 1, com gols de Labruna e Juárez - mas suficiente para escrever as primeiras linhas daquele que chamam de Rei do Futebol.

No segundo jogo, a Copa Roca assistiu a mais um capítulo da história de Pelé. Diante de 70 mil pessoas presentes no Pacaembu, o jogador atuou como titular pela primeira vez com a camisa da Seleção Brasileira. E marcou pela segunda vez com a camisa amarela - aos 29 minutos de jogo, recebendo passe de Mazzolla para abrir o placar. O mesmo Mazzolla faria o gol da vitória por 2 a 0 (um dado curioso: este atacante, na Copa realizada no ano seguinte, foi barrado para a entrada de Pelé como titular na competição). Com uma vitória para cada lado, haveria a realização de mais uma partida. Só que os argentinos, apressados para voltar a Buenos Aires e reforçar seus respectivos clubes, preferiram a realização de uma prorrogação. A falta de gols nos 30 minutos extras confirmou a vitória brasileira, porque o critério de desempate era o título ir para as mãos do vencedor do torneio anterior.

Pelé e a camisa amarela começavam a se conhecer muito bem. E a Seleção Brasileira começava a encontrar a equipe ideal para se tornar campeã mundial em 1958.

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1960 - Entressafra brasileira pouco aproveitada

Da equipe titular na final da Copa de 1958 contra a Suécia, apenas o goleiro Gilmar, o lateral Djalma Santos e o zagueiro Bellini foram a Buenos Aires, dois anos depois enfrentar a Argentina na Copa Roca. Nomes como Julinho, Chinesinho e Almir tentavam se firmar com a camisa da Seleção Brasileira no Monumental de Nuñez. Entretanto, a primeira impressão não foi das mais agradáveis. Facilmente envolvido pela Argentina dos velozes Pando e Belén, o Brasil perdeu por 4 a 2 em jogo no qual a equipe chegou a esboçar reação, mas sempre esteve aquém dos argentinos.

Veio a segunda partida, e em três dias o técnico Vicente Feola descobriu como neutralizar o adversário: marcação especial sobre o meia Pando. Sem conseguir deslanchar em campo, a Argentina viu o Brasil mandar na partida do início ao fim, e o Monumental de Nuñez se tornou palco para o show de Delém (substituto do machucado Almir), que fez os dois gols que forçaram a partida a uma prorrogação. Sosa abriu o placar para os argentinos, que nem assim conseguiram o domínio da partida e acabaram castigados com o empate, marcado por Julinho. No segundo tempo, o zagueiro Servílio fez o gol da vitória definitiva por 4 a 1.

A soberania na Copa Roca prosseguia. Entretanto, poucos jogadores tiveram sua trajetória na Seleção Brasileira prorrogada. Aymoré Moreira, que substituiu Feola (afastado por problemas de saúde), preferiu levar a equipe campeã de 1958 quatro anos mais velha. E Delém, autor de dois gols e do passe para o gol de Julinho na Copa Roca de 1960, caiu no esquecimento.

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1963 - Neutralizados em São Paulo, Pelé e o Brasil acham inspiração no Maracanã




Os 90 minutos do primeiro duelo pela Copa Roca de 1963 deram a impressão de que finalmente a Argentina neutralizara o pesadelo dos adversários da Seleção Brasileira. No Pacaembu, cerca de 40 mil torcedores viram Cielinsky se tornar o primeiro marcador argentino a vencer Pelé. Sem o destaque de seu camisa 10, o Brasil até conseguiu dois gols vindos dos pés de Pepe, mas a falta de organização nas subidas para o ataque (prejudicado também pela lesão de Coutinho) comprometeu o escrete canarinho. Com dois gols do excelente Lallana e um marcado por Juárez, o 3 a 2 em que Pelé pela primeira vez não marcou diante dos argentinos foi visto como "triunfo sem discussão" pelo jornal El Gráfico.

No entanto, o Rio de Janeiro mostrou que Pelé não tinha discussão. Sob os olhares de 130 mil presentes, o então bicampeão mundial mostrou toda sua inspiração no Maracanã. Num jogo cercado de habilidade e faro de gol, o camisa 10 por duas vezes foi parado com falta dentro da área - e nos dois pênaltis fez o bom goleiro Andrada buscar a bola no fundo da rede (seis anos depois, Pelé venceu Andrada também num pênalti, desta vez no jogo Vasco e Santos, no qual o camisa 10 fez seu milésimo gol).

Além de marcar mais um em lance no qual deixou três adversários para trás e acertou chute da intermediária, o jogador deu passe para o gol de Amarildo na vitória por 4 a 1 - o gol argentino foi de Juárez, de falta. Uma vitória para cada lado, e mais uma vez prorrogação. Nos 30 minutos extras, Menotti estava disposto a tornar a luta de Pelé em vão, quando fez cruzamento para González vencer Gilmar. Só que novamente o camisa 10 encontrou em campo seu substituto imediato em 1962. O "Possesso" Amarildo, cara a cara com Andrada, decretou o empate. No total, 5 a 2, Brasil campeão por ser detentor da taça da competição anterior, e Pelé novamente entrou para a história, como o primeiro brasileiro a marcar três gols numa partida só contra a Argentina.

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1971 - Brasil começa a se acostumar com a ausência de Pelé e a tática da cautela com o adversário



Em novo hiato na realização do torneio - oito anos - a Copa Roca voltou a ser realizada um ano depois da terceira conquista brasileira na Copa do Mundo. Após três edições tendo Pelé como jogador fundamental para suas conquistas, a equipe do técnico Zagallo começou a tentar se ajeitar para a ausência de seu grande camisa 10.

Alguns remanescentes importantes para o título da Copa do Mundo, como Gérson, Rivellino e Tostão, ainda estavam presentes. Mas o futebol dos brasileiros parecia cada vez mais voltado para o estudo do adversário e o receio de perder para a equipe de Madurga e que tinha o artilheiro Carlos Bianchi. No Monumental de Nuñez, a primeira partida terminou em 1 a 1 (Paulo César Caju para o Brasil e Madurga para os argentinos). O segundo jogo repetiu o placar em 1 a 1 - tanto no tempo normal, com Fischer abrindo o placar e Tostão empatando - quando na prorrogação, quando Onega fez o gol argentino e Paulo César Caju novamente garantiu a igualdade.

A Seleção Brasileira voltava com um título para o Brasil. O primeiro sem Pelé. E uma conquista que deixava o país com a dúvida sobre qual caminho o selecionado iria seguir a partir daquele momento.

Obs.: algumas revistas dizem que o título de 1971 foi dividido devido aos dois empates. Mas de acordo com o livro de Newton César de Oliveira Santos, o Brasil foi o único a vencer esta taça porque o critério de desempate era dar a taça para quem venceu a edição anterior.


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1976 - O melhor do Atlântico



Dois anos depois do amargo quarto lugar na Copa do Mundo (na qual o sonho do tetracampeonato mundial foi interrompido pelo Carrossel Holandês da Holanda de Cruyff e sepultado pelo gol de Lato na decisão do terceiro lugar com a Polônia), os brasileiros saudosos viam somente Rivellino da geração campeã de 1970. Valdir Peres, Marinho Chagas, Beto Fuscão, Chicão, Lula, Falcão e Zico agora eram os nomes que vestiam a amarelinha.

A Copa Roca também perdia seu brilho. Não era mais uma competição à parte. Tratava-se apenas de um nome de torneio antigo "incorporado" à Taça do Atlântico. Mas o duelo entre argentinos e brasileiros ainda tinha seu valor, porque depois de passarem respectivamente pelo Paraguai e pelo Uruguai, os dois países faziam o jogo final de cada turno da competição.

E o brilho mais uma vez foi em verde e amarelo. Primeiro no Monumental de Nuñez em fevereiro, quando os brasileiros seguraram a pressão argentina e marcaram dois gols em lances de bola parada - o primeiro com Lula desviando falta cobrada por Marinho Chagas, e o segundo numa bela cobrança de Zico que parou no ângulo. Kempes, de pênalti, diminuiu o placar. Brasil e Argentina se reencontraram somente em maio (devido a uma paralisação de um mês, o torneio só foi retomado em abril). Após novos confrontos com os demais adversários, só a vitória interessava para os dois países. Com a defesa muito bem postada, a Seleção Brasileira impediu os avanços do bom ataque argentino e, na frente, marcou duas vezes - com Lula e Neca.

2 a 0, Brasil campeão da Copa Roca. Brasil campeão da Taça do Atlântico. Mas, dois anos depois, nem mesmo a expressão "campeão moral" do técnico Cláudio Coutinho amenizaria a frustração da Seleção Brasileira terminar invicta, mas em terceiro lugar no Mundial. A geração de Daniel Passarella, Alonso, Valencia, Kempes e Ortiz teria em 1978 a conquista da Copa do Mundo.

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Fonte de pesquisa:

Brasil x Argentina - Histórias do maior clássico do futebol mundial (1908 - 2008)
, de Newton César de Oliveira Santos

Lancepédia


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Passados 25 anos de tantas histórias, Brasil e Argentina voltam a escrever o Superclássico das Américas. Quem serão os novos personagens apresentados nos jogos de Córdoba e em Belém?

domingo, 11 de setembro de 2011

Por dentro da Copa Roca - TRÊS VEZES ARGENTINA




A Argentina demorou um pouco, mas depois de vencer pela primeira vez a Copa Roca, conseguiu vencer três edições de uma tacada só. Graças ao trajeto acidentado nas datas da competição, pode-se dizer que foram 22 anos de hegemonia diante da Seleção Brasileira.

Com uma geração bastante promissora vinda de seu campeonato nacional, a Argentina montou uma seleção forte no ano de 1923. O contraste com a Seleção Brasileira ficava ainda maior devido à crise interna que passava o futebol brasileiro - além da discussão entre amadorismo e profissionalismo, a troca de farpas entre Rio de Janeiro e São Paulo estava acentuada. No estádio do Club Sportivo Barracas, em Buenos Aires, os argentinos dominaram a partida e desperdiçaram muitas oportunidades. Ironicamente, a superioridade começou a aparecer no placar graças a um gol histórico: Soda (substituto de Mica, que bateu cabeça com o jogador Chiesa) marcou o primeiro gol contra da Seleção Brasileira. O gol de Onzari sacramentou a vitória por 2 a 0.

Devido à Crise de 1929 e a crises políticas internas que ocorreram tanto no Brasil quanto na Argentina, a Copa Roca só voltou a ser realizada em 1939. Os tempos do futebol eram outros: o profissionalismo entrara em campo definitivamente, a Copa do Mundo já existia e ambos tinham resultados expressivos na história do torneio (Argentina, vice em 1930, e Brasil, terceiro em 1938).



Na foto, Brasil x Argentina em São Januário

Realizadas em São Januário, as duas partidas trouxeram uma vitória para cada lado - 5 a 1 para os argentinos, em jogo no qual se destacou o atacante Moreno, e 3 a 2 para os brasileiros, num jogo polêmico. A partida estava empatada em 2 a 2 quando o argentino Coleta interceptou passe de Romeu com a mão. O árbitro marcou pênalti, mas os argentinos indignados partiram para cima dele. Após a briga generalizada, a Argentina saiu de campo em sinal de protesto. Com o gol vazio, o Brasil converteu a penalidade. Como o critério de desempate previa um novo jogo, a Copa Roca de 1939 ficou em suspenso até o ano seguinte, quando CBD e AFA concordaram num "armistício". No Parque Antarctica, argentinos e brasileiros empataram o terceiro jogo em 2 a 2 (após tempo normal e prorrogação). Somente na quarta partida, um ano e um mês depois do início da edição de 1939, o campeão daquele ano foi conhecido. Com Baldonedo, Fidel e Sastre, a Argentina chegou à sua segunda conquista.



Na foto, Argentina campeã da Copa Roca de 1940

Ao contrário de outros momentos da história da competição, a Copa Roca não demorou muito para ter outra edição. O jogo final de 1939 e o torneio de 1940 tiveram intervalo de 10 dias. No Viejo Gasómetro, estádio do San Lorenzo, mais de 60 mil pessoas (dentre elas, 20 mil que invadiram o local a partir do segundo tempo) viram uma Argentina avassaladora fazer a maior goleada dos argentinos neste confronto: 6 a 1. Na segunda partida, o jogo estava empatado quando foi marcado corretamente um pênalti contra o Brasil. Moreno iria cobrar, mas o capitão Suárez dirigiu-se ao árbitro para ter "permissão" de fazer a cobrança. Sob protestos da torcida local, Suárez cobrou. A bola foi para fora e os próprios argentinos vibraram. O desperdício custou a derrota por 3 a 2.

Só que no terceiro jogo, a supremacia argentina novamente falou mais alto. No estádio do Independiente, a Argentina se redimiu com uma partida na qual não abdicou do ataque em nenhum momento. Diante de um Brasil apático, nova goleada: 5 a 1, com gols de Baldonedo (2), Masantonio, Peucelle e Cassán. Leônidas fez o gol brasileiro.

Terceiro e último título da Argentina na Copa Roca. A superioridade brasileira é o assunto para a última postagem da série Por dentro da Copa Roca.