domingo, 11 de setembro de 2011

Por dentro da Copa Roca - TRÊS VEZES ARGENTINA




A Argentina demorou um pouco, mas depois de vencer pela primeira vez a Copa Roca, conseguiu vencer três edições de uma tacada só. Graças ao trajeto acidentado nas datas da competição, pode-se dizer que foram 22 anos de hegemonia diante da Seleção Brasileira.

Com uma geração bastante promissora vinda de seu campeonato nacional, a Argentina montou uma seleção forte no ano de 1923. O contraste com a Seleção Brasileira ficava ainda maior devido à crise interna que passava o futebol brasileiro - além da discussão entre amadorismo e profissionalismo, a troca de farpas entre Rio de Janeiro e São Paulo estava acentuada. No estádio do Club Sportivo Barracas, em Buenos Aires, os argentinos dominaram a partida e desperdiçaram muitas oportunidades. Ironicamente, a superioridade começou a aparecer no placar graças a um gol histórico: Soda (substituto de Mica, que bateu cabeça com o jogador Chiesa) marcou o primeiro gol contra da Seleção Brasileira. O gol de Onzari sacramentou a vitória por 2 a 0.

Devido à Crise de 1929 e a crises políticas internas que ocorreram tanto no Brasil quanto na Argentina, a Copa Roca só voltou a ser realizada em 1939. Os tempos do futebol eram outros: o profissionalismo entrara em campo definitivamente, a Copa do Mundo já existia e ambos tinham resultados expressivos na história do torneio (Argentina, vice em 1930, e Brasil, terceiro em 1938).



Na foto, Brasil x Argentina em São Januário

Realizadas em São Januário, as duas partidas trouxeram uma vitória para cada lado - 5 a 1 para os argentinos, em jogo no qual se destacou o atacante Moreno, e 3 a 2 para os brasileiros, num jogo polêmico. A partida estava empatada em 2 a 2 quando o argentino Coleta interceptou passe de Romeu com a mão. O árbitro marcou pênalti, mas os argentinos indignados partiram para cima dele. Após a briga generalizada, a Argentina saiu de campo em sinal de protesto. Com o gol vazio, o Brasil converteu a penalidade. Como o critério de desempate previa um novo jogo, a Copa Roca de 1939 ficou em suspenso até o ano seguinte, quando CBD e AFA concordaram num "armistício". No Parque Antarctica, argentinos e brasileiros empataram o terceiro jogo em 2 a 2 (após tempo normal e prorrogação). Somente na quarta partida, um ano e um mês depois do início da edição de 1939, o campeão daquele ano foi conhecido. Com Baldonedo, Fidel e Sastre, a Argentina chegou à sua segunda conquista.



Na foto, Argentina campeã da Copa Roca de 1940

Ao contrário de outros momentos da história da competição, a Copa Roca não demorou muito para ter outra edição. O jogo final de 1939 e o torneio de 1940 tiveram intervalo de 10 dias. No Viejo Gasómetro, estádio do San Lorenzo, mais de 60 mil pessoas (dentre elas, 20 mil que invadiram o local a partir do segundo tempo) viram uma Argentina avassaladora fazer a maior goleada dos argentinos neste confronto: 6 a 1. Na segunda partida, o jogo estava empatado quando foi marcado corretamente um pênalti contra o Brasil. Moreno iria cobrar, mas o capitão Suárez dirigiu-se ao árbitro para ter "permissão" de fazer a cobrança. Sob protestos da torcida local, Suárez cobrou. A bola foi para fora e os próprios argentinos vibraram. O desperdício custou a derrota por 3 a 2.

Só que no terceiro jogo, a supremacia argentina novamente falou mais alto. No estádio do Independiente, a Argentina se redimiu com uma partida na qual não abdicou do ataque em nenhum momento. Diante de um Brasil apático, nova goleada: 5 a 1, com gols de Baldonedo (2), Masantonio, Peucelle e Cassán. Leônidas fez o gol brasileiro.

Terceiro e último título da Argentina na Copa Roca. A superioridade brasileira é o assunto para a última postagem da série Por dentro da Copa Roca.

Nenhum comentário:

Postar um comentário